Antes de ser arte, é uma ciência!
- Crescer Odontologia

- 8 de mai. de 2020
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O papa discursou para Cirurgiões-Dentistas na Itália em 24 de outubro de 1946 e Pio XII disse: “A Odontologia é uma profissão que exige dos que a ela se dedicam, o senso estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião, os conhecimentos científicos de um médico e a paciência de um monge!"
O pensamento passou a constar em 9 de cada 10 convites de formaturas, mas também é o campeão das paredes de consultórios e clínicas
O papa Pio XII viveu entre nós entre 1876 e 1958.
Até a Revolução Industrial entre 1760 e 1840 todas as atividades produtivas eram artesanais e feitas com as mãos ou “manufaturadas”. Raramente se usavam máquinas que eram muito simples. Todas as etapas da produção eram feitas pelo mesmo artesão e na sua própria casa.
A Revolução Industrial mudou o panorama, incluiu a figura do patrão, das máquinas e do lucro. Se iniciou na Inglaterra e esparramou pela Europa e Estados Unidos. A população começou a experimentar um crescimento sustentado sem precedentes históricos com boa renda média.
Antes, tudo que se fazia com as mãos, todo trabalho produtivo, era realizado por pessoas que serviam os nobres e conhecidas como burgueses. O trabalho existia para servir a nobreza. Nobre não executava trabalhos manuais, apenas com o pensamento, com o olhar e o sentir. Trabalhar com as mãos era coisa de burguês!
Um exemplo pode ser fornecido pela medicina. Os médicos eram nobres que estudavam nas escolas onde desenvolviam suas habilidades de observação, análise e conclusão diagnóstica: nada manual. Paralelamente, na burguesia havia os que operavam pacientes, amputavam membros e drenavam abscessos: tudo com as mãos. Não eram médicos, eram cirurgiões.
Os cirurgiões aprendiam a operar com seus mestres, era aprendizado feito por discípulos: o mais velho e experiente ensinava o mais novo que se propunha a acompanhar e aprender! A palavra cirurgião significa “fazer com as mãos” (cheir=mão e ergon=ação) e médico vem de “medein” ou “cuidar de”.
A Revolução Industrial bagunçou estes conceitos. O trabalho manual passou a ser valorizado. Os médicos precisavam agora operar, fazer cirurgias e curar com as mãos. As escolas de medicina se adaptaram e para atrair os cirurgiões mudaram sua denominação para Escolas de Medicina e Cirurgia. Médicos e Cirurgiões passaram a ser formados agora, nas universidades.
Cirurgiões-Dentistas também aprendiam seu ofício com mestres tarimbados pela prática. Não aprendiam estudando em escolas, mas fazendo no dia a dia. A valorização do trabalho manual na Revolução Industrial também levou o aprendizado da Odontologia para as universidades.
Os cirurgiões e cirurgiões-dentistas vieram de um ambiente em que convivam com o artesanal, artístico, manual, feito a mão caso a caso. Isto exige de quem faz um senso estético apurado e uma paciência muito grande para que a pressa não coloque tudo a perder. Pio XII sabia disto em seu pensamento quando ressaltou o conhecimento científico do médico, ele quis dizer que se precisa estudar, raciocinar, decidir e planejar para executar sua arte e ter paciência com a metodologia testada. Por muito tempo, a única área que se considerava fazedora de ciência era a medicina.
Poder-se-ia então dizer: “A Odontologia é uma profissão que exige dos que a ela se dedicam: os conhecimentos científicos de um médico, a destreza manual de um cirurgião, o senso estético de um artista e a paciência de um monge!”
Fonte: Professor Dr. Alberto Consolaro
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